No inverno, caem as folhas e a vinha perde a cor verde, ficando meio adormecida, em repouso. É, por isso, a altura perfeita para fazer a poda e prepará-la para o calor da primavera, época em que se dá início ao novo ciclo.
O que acontece na vinha no inverno
O grande “trabalho” das vinhas é produzir as uvas, ou seja, quase toda a energia é utilizada para que estas cresçam e amadureçam. Só quando as uvas são vindimadas é que as vinhas têm um pequeno período para “recuperar forças” para o ano seguinte. Nessa altura, as raízes crescem e toda a energia produzida serve para criar reservas para o próximo ciclo.
Quando chega o frio, as plantas começam a deixar de funcionar e as reservas de energia são maioritariamente armazenadas nas raízes e no caule, altura em que a vinha entra em repouso.
É então que se faz a poda da vinha, que não é mais do que equilibrar a planta, cortando o excesso de ramos — a crença popular é que esta prática começou a ocorrer quando, por acaso, em tempos, um burro comeu parte de várias cepas e a qualidade das colheitas desse ano foi impressionante.
Como fazer a poda da vinha no inverno
Se a poda for feita em excesso, pode resultar numa vinha com demasiada força e, consequentemente, uma produção muito reduzida de uvas — circunstância que deu origem à expressão “muita parra e pouca uva”. Por outro lado, se a poda da vinha for muito ligeira, poderá nascer muito carregada de cachos com uvas de baixa qualidade.
No início do inverno, e antes das chuvas fortes, deve também colocar-se a matéria orgânica na terra, para que o estrume seja decomposto com as chuvas.
Além disso, existem muitos outros trabalhos que são feitos durante esta hibernação da vinha. Há que aproveitar o período de repouso para proceder, por exemplo, à manutenção de postes, arames, tratores e outras alfaias.
O que acontece na adega
No inverno, os brancos já estão, normalmente, arrumados em cubas e barricas, esperando pelo frio para limpar, aos poucos, os sedimentos turvos naturais do vinho. O frio também faz cair o excesso de acidez existente — em formato de cristais que mais parecem pequenos vidros — evitando que isto depois aconteça na garrafa, quando colocamos no frigorífico. É também neste período que se faz a colagem, um processo que permite tornar o vinho mais límpido, recorrendo-se ao barro espanhol e à filtração.
Os vinhos tintos, que já terminaram a fermentação da vindima, estão a concluir a segunda fermentação, que só acontece em tintos — chama-se maloláctica e é um processo semelhante ao do iogurte, que suaviza o vinho criando ácido láctico.
Outro trabalho comum nos tintos é o de tirar os lotes dos anos anteriores das barricas para colocar os vinhos novos acabados de fazer, no processo que se chama de envelhecimento. As barricas são os depósitos ideais porque garantem uma micro-oxigenação, ou seja, quantidades muito pequenas de oxigénio, ideais para tintos de topo, bem como notas tostadas e caramelizadas, próprias da tosta das barricas, evitando o gosto adstringente desagradável de madeira.