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Descobrir Portugal através do vinho

Descobrir Portugal através do vinho

Embarque numa viagem pelas diferentes regiões vitivinícolas de Portugal, onde se produzem alguns dos melhores vinhos do mundo. Segure o seu copo e acompanhe-nos pelas regiões do Douro, dos Vinhos Verdes, de Trás-os-Montes e de Távora-Varosa.

Atualizado a 22/08/2022
7 MINUTOS DE LEITURA
Descobrir Portugal através do vinho

Em cada região de Portugal, há vinhos de grande qualidade, que se destacam nacional e internacionalmente, conquistando prémios em prestigiados concursos. O clima, a geografia e a natureza dos solos contribuem para a produção de vinhos de excelência, aos quais ninguém fica indiferente. Conheça as particulares das regiões vitivinícolas portuguesas.

Região do vinho Douro/Porto

Datada de 1756, o Douro é a região demarcada mais antiga do mundo e reconhecida como Património Mundial pela UNESCO. Localizada a nordeste de Portugal e com uma extensão de cerca de 100 km de comprimento, esta região é conhecida pelas montanhas íngremes, organizadas em patamares e socalcos de pedra que moldam a paisagem. São estas pedras que permitem às vinhas sobreviver aos calores fortes do verão, por terem as raízes fundas por baixo das pedras que retêm alguma humidade, suficiente para a sobrevivência das plantas e responsáveis pela concentração das uvas. Esta região divide-se em três sub-regiões, onde se produzem vinhos com características distintas:

1. Baixo Corgo

É uma zona mais húmida e fresca, que dá origem a vinhos mais frescos. É famosa pelos brancos e pelos tintos elegantes.

2. Cima Corgo

Nesta zona intermédia é onde são feitos alguns dos vinhos mais caros e famosos.

3. Douro Superior

Mais quente e mais vocacionada para tintos, os vinhos desta região são encorpados e intensos. Cerca de metade do volume de vinho produzido na região demarcada do Douro destina-se à produção de vinho do Porto, caracterizado como rico, doce, de elevado teor alcoólico e aromas incomparáveis. A outra metade é destinada à produção de vinhos de grande qualidade que utilizam a denominação de origem controlada “Douro” ou “Vinho do Douro”. Brancos finos, leves, frescos e aromáticos, ou tintos aveludados, ricos em cor e aromas, e que envelhecem de forma nobre.

Região dos vinhos verdes

Esta é a maior região de vinhos em Portugal e sem dúvida a melhor marca de vinhos brancos portugueses – “Vinho Verde”. Esta região abrange os distritos de Viana do Castelo e Braga, possui solos maioritariamente graníticos, pobres e onde existe uma cultura de vinha tradicional importante. Regra geral, as parcelas de terreno são muito pequenas e as vinhas são conduzidas em altura à volta de grandes árvores, caminhos ou paredes, formando as tradicionais uveiras, arjões, ramadas ou latadas. A proximidade com o mar a oeste e a norte proporciona uma humidade favorável à produção de vinhos naturalmente leves e frescos, que incorporam as características de cada casta e do clima que predomina em cada uma das nove sub-regiões que a constituem:

1. Amarante

A Azal (branca) ou a Vinhão (tinta) são duas das castas que beneficiam do seu clima quente.

2. Ave

Os ventos marítimos que se sentem favorecem a produção de vinhos brancos das castas Arinto ou Loureiro.

3. Baião

O seu clima rigoroso é ideal para a casta Avesso (branca), que origina um dos melhores vinhos brancos de Portugal.

4. Basto

Mais interior e resguardada dos ventos marítimos, os invernos e verões rigorosos favorecem castas como a Azal (branca) ou a Rabo-de-Anho (tinta).

5. Cávado

A exposição aos ventos marítimos, o relevo irregular e a baixa altitude do terreno são sinónimo de bons vinhos brancos, sobretudo das castas Arinto e Loureiro.

6. Lima:

Os vinhos Loureiro são os mais famosos da região, já que esta casta frutifica bem nos microclimas característicos do vale do Lima.

7. Monção e Melgaço

É por estas paragens que provavelmente o melhor e mais reconhecido branco de Portugal é feito, exclusivamente da casta Alvarinho.

8. Paiva

Por não estar tão exposta à influência do mar, esta zona tem a fama de produzir alguns dos vinhos verdes tintos mais prestigiados da região.

9. Sousa

O clima ameno e o relevo pouco acentuado são ideais para castas como a Arinto e a Trajadura nos brancos ou a Espadeiro, usada na produção de vinhos rosados.

Região de Trás-os-Montes

Esta é provavelmente a zona do país com mais registos históricos da produção de vinhos, com a existência de vários lagares cavados na rocha datados da época romana e ainda pré-romana. Uma das maiores curiosidades da região está ligada ao Vinho dos Mortos, que data do início do século XIX, quando por altura das invasões napoleónicas os produtores de vinho enterraram garrafas no chão para evitar as pilhagens pelos soldados. Terminados os combates, os vinhos foram desenterrados e houve uma agradável surpresa. A bebida das garrafas estava com sabor (bouquet) ainda melhor e foi criado um novo estilo de vinho ainda presente nos nossos dias. Os vinhos da Região de Trás-os-Montes são bastante diferenciados, em função dos microclimas e dos solos, predominantemente formados por xistos e algumas manchas graníticas e calcárias. São produzidos nas três seguintes sub-regiões:

1. Chaves

As vinhas crescem nas encostas de pequenos vales, beneficiando da elevada humidade e dos Invernos chuvosos.

2. Valpaços

O verão quente e a baixa humidade permitem obter vinhos carregados de sabor.

3. Planalto Mirandês

O cultivo da vinha é influenciado pelo rio Douro e segue técnicas próprias que, aliadas às grandes amplitudes térmicas, dão origem a vinhos distintos.

Região Távora-Varosa

Localizada entre a região do Douro e do Dão, Távora-Varosa é famosa pela qualidade dos espumantes, e foi a primeira região demarcada de espumantes em Portugal com o primeiro registo deste vinho feito pelos monges de Cister em 1678. As vinhas são cultivadas nas montanhas de elevada altitude, em solos graníticos pobres e com elevadas oscilações térmicas que dão a frescura essencial à produção de espumantes de qualidade. Apesar de pouco conhecida como região vitivinícola, as castas brancas Malvasia Fina, Bical, Arinto, Chardonnay, Dona Branca, entre outras, dão origem a vinhos de cor citrina, muito frescos e de frutado intenso a citrinos. Nos tintos, as castas Aragonez, Bastardo, Malvasia Preta ou Castelão, entre outras, resultam em vinhos de cor rubi claro, leves, suaves e com alguma frescura.

Frederico Vilar Gomes
Enólogo Pingo Doce
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