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Vinhos do Algarve: aroma a tradição

Vinhos do Algarve: aroma a tradição

Suaves e frutados, os vinhos do Algarve resultam do equilíbrio entre o mar e as serras da região. Descubra os sabores vinhateiros do sul, cheios de aromas e tradição que se revelam copo a copo.

Atualizado a 23/08/2022
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Vinhos do Algarve: aromáticos e com tradição

Desde os tempos da Antiguidade que a vinha está presente na paisagem algarvia. Introduzida no século VIII a.C. pelos fenícios e gregos, aperfeiçoada pelos romanos e cultivada pelos mouros, a vinha começou a ganhar terreno nas grandes explorações agrícolas, a par dos olivais. As técnicas de vinificação e as culturas evoluíram ao sabor dos tempos, do solo, do clima e das castas, que foram acarinhadas pelos produtores desta região e deram origem aos afamados vinhos do Algarve.

Vinhas entre o mar e as serras do Algarve

A região sul de Portugal possui um clima muito específico: está próxima do oceano Atlântico, mas ao mesmo tempo sente a influência da montanha (serras do Espinhaço de Cão, do Caldeirão e de Monchique), que representa 50% do Algarve e atinge uma altitude máxima de 902 metros, protegendo a região dos ventos frios do norte. Desta forma, há um clima acentuadamente mediterrânico: quente, seco, pouco ventoso, amplitudes térmicas muito reduzidas e com uma média de insolação acima das 3000 horas por ano. Isto torna os dias mais quentes do ano bastante mais amenos do que no interior do Alentejo e na Beira Interior. A humidade no ar é maior e permite que as vinhas não interrompam as maturações como em regiões extremamente quentes. O terroir do Algarve também está bem definido, identificando-se três tipos de solos distintos:

1. Serra

Os solos das serras do Caldeirão, de Monchique e do Espinhaço Cão são mais pobres e com muita pedra de xisto.

2. Barrocal

Terrenos das colinas entre o litoral e a serra que possuem solos calcários com muita pedregosidade (pedras); são os solos mais utilizados na produção de vinha.

3. Litoral

Solos naturalmente mais arenosos e franco-arenosos e com pouca inclinação (acredita-se que há 2000 anos o mar estava cerca de 700 m mais recuado).

 

As quatro sub-regiões dos vinhos do Algarve

No Algarve, existem quatro sub-regiões vitivinícolas com Denominações de Origem: Lagoa, Lagos, Portimão e Tavira. Ainda assim, a maior parte do vinho produzido na região é vendido sob a designação de Indicação Geográfica.
Os processos de vinificação variavam consoante as zonas, sendo os vinhos do Algarve suaves e bastante frutados. Os tintos apresentam uma cor rubi, definida ou granada, são macios, pouco acídulos e ligeiramente alcoólicos. Os brancos apresentam-se com uma cor palha, são macios, pouco acídulos e ligeiramente alcoólicos.

 

Vinhos do Algarve: Castas tradicionais

No Algarve, as castas Crato Branco e Negra Mole estão entre as mais antigas da região e caracterizam-se da seguinte forma:

Negra Mole (tinta)

Casta exclusivamente algarvia e que já esteve em vias de desaparecer, faz agora os vinhos mais caros e mais apreciados da região. São vinhos com pouca cor, elegantes, complexos, muito equilibrados e ideais para acompanhar pratos mais leves como sardinhas, aves e caldeiradas de peixe. As uvas têm a particularidade de terem três cores (tintas escuras, rosadas e algumas brancas) misturadas e por isso o vinho tem muito pouca concentração de cor. Muito resistente ao calor, a vindima é feita no final do verão, quando as temperaturas estão mais frescas. Esta casta constituiu a base dos vinhos tradicionais algarvios, desde há vários séculos, em conjunto com outras castas tintas Castelão (Periquita) e Trincadeira.

Crato Branco (branca)

Casta com muito prestígio na região de Lagoa, está bastante espalhada por quase todas as regiões vitivinícolas portuguesas. No norte tem o nome de Síria e, no Alentejo, o nome de Roupeiro. Esta casta tem a vantagem, tal como a Negra Mole, de ser tardia e permitir uma maturação mais equilibrada, bem com a vindima em dias mais curtos e menos quentes. Os vinhos são frescos, aromáticos e equilibrados. A Crato Branco não tem a fama nem a procura dos vinhos feitos com casta Negra Mole e normalmente é combinada com outras castas mais procuradas pelo consumidor, como as Arinto, Alvarinho, entre outras. Ainda assim, alguns destes vinhos monovarietais de vinhas tradicionais são boas opções.

Frederico Vilar Gomes
Enólogo Pingo Doce
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