O Vinho Medieval de Ourém começou a ser produzido no Mosteiro de Alcobaça, há mais de 800 anos, pelos monges da ordem de Cister. Histórico e único, é também um dos poucos do mundo que combina uvas brancas e tintas.
No tempo da Comunidade Económica Europeia (atual União Europeia), quando se quis globalizar a produção de vinhos na Europa, as características específicas desta bebida constituíam um obstáculo — ainda assim, ganhou-se a batalha, garantindo a sua sobrevivência e a integridade do método de fabrico.
Menos de 2000 garrafas por ano
Hoje, há pouco mais de 2000 garrafas por ano de Vinho Medieval de Ourém e um número cada vez menor de produtores de uva. As vinhas mais velhas são anteriores à filoxera, a praga que chegou à Europa no fim do século XIX, e cultivadas pelos métodos tradicionais em “taça”, sem a existência dos modernos postes e arames para conduzir as folhas das vinhas.
Sabendo que os tintos desta região fresca são secos, ácidos e taninosos por natureza, houve necessidade de juntar uvas brancas ao lote — no total, são 80% de uvas brancas da casta Fernão Pires e 20% de uvas tintas de Trincadeira.
O método de produção
O método de produção é completamente distinto de qualquer outro. Primeiro, as brancas são prensadas e fermentadas em tonéis de madeira, ocupados apenas com 80% do volume do mosto branco. Ao lado, as uvas tintas são desengaçadas na ciranda (mesa de ripanço) e fermentadas em dornas de madeira. No fim deste processo, as uvas e o mosto são descarregados nos tonéis, até ficarem atestados, e repousam juntos, quase até ao engarrafamento.
É um vinho palhete, de cor tinta muito ligeira, engarrafado ainda jovem para ser bebido jovem. No entanto, alguns bem armazenados têm demonstrado uma ótima evolução. Geralmente, o grau alcoólico é elevado, pois a casta Fernão Pires tem essa particularidade. É ideal para acompanhar pratos mais fortes de peixe, como sardinhas, atum e bacalhau.